Sobre a Doação de Tecidos
Quem pode ser candidato à doação de tecido?
Existem dois tipos de doadores de tecidos: o doador vivo e o doador cadáver. Na doação de tecido ósseo, o doador vivo é o paciente que será submetido à cirurgia para colocação de prótese em quadril, na qual é retirada, durante o procedimento, a cabeça femoral. Este procedimento não interfere na técnica cirúrgica que será realizada. Para ser doador neste caso, deverá o paciente autorizar a utilização da cabeça femoral pelo banco através de consentimento informado.
O doador cadáver é o paciente que evoluiu com morte encefálica ou parada cardíaca durante a sua internação hospitalar e, neste caso, obedecendo critérios estabelecidos na legislação vigente, pode ser doador de tecido ósseo, ocular, pele e órgãos. A vontade de ser doador deve ser comunicada em vida à família, pois a doação ocorrerá após o óbito e a retirada do tecido só poderá ser feita mediante autorização, por escrito, do familiar mais próximo ou responsável legal.
Como ocorre o processo da doação de tecidos?
Em todos os casos será realizada avaliação de prontuário, preenchimento de um questionário epidemiológico e coletadas amostras de sangue para alguns exames sorológicos com objetivo de minimizar a possível transmissão de doenças infecto-contagiosas (como hepatites B e C, AIDS, malária e outras). A doação poderá ser excluída se o doador for portador, entre outros fatores, de alguns tipos de câncer, osteoporose, doenças infecciosas ou tiver utilizado, por tempo prolongado, corticóide (substância usada em tratamentos de doenças inflamatórias reumáticas, renais e neurológicas).
No caso do doador cadáver, o processo começa com a notificação do óbito pelo estabelecimento de saúde onde se encontra o doador, à Central Estadual de Transplantes, que irá averiguar as possibilidades deste paciente tornar-se doador. A Central de Transplantes entrará em contato com a família e, caso haja a disponibilidade e autorização para a doação, a equipe de captação do INTO irá ao hospital onde se encontra o doador e realizará a cirurgia de retirada dos tecidos doados. O maior empecilho à doação de tecidos é o desconhecimento da população. Vale ressaltar que o cadáver é reconstituído com material sintético, mantendo a aparência do doador preservada ao final do procedimento. Em nenhuma hipótese, são retirados os ossos da face do doador.
Como ocorre o processamento do tecido?
Os tecidos são levados para o banco de multitecidos onde permanecerão armazenados em refrigeradores ou ultra-congeladores, sendo preservados em temperaturas ideais de acordo com cada tipo. Os processamentos dos tecidos captados são realizados em área com rigoroso controle de qualidade e, neste momento, no caso da pele e do musculoesquelético, são coletadas mais amostras para novas testagens a fim de garantir a qualidade do material e do procedimento de processamento realizado. Exames físicos, bacteriológicos, fúngicos, radiológicos e histopatológicos visam garantir a qualidade do tecido gerado e minimizam os riscos para a saúde dos receptores. Os resultados de todos os exames, desde a captação até o pós-processamento irão determinar a aprovação ou não dos tecidos para o transplante.
Como solicitar um tecido para transplante?
Os tecidos, após liberação para uso, atendem a cirurgias realizadas no INTO e também em outros hospitais que sejam cadastrados pelo SNT (Sistema Nacional de Transplantes). Somente o médico ou cirurgião-dentista responsável pelo paciente pode solicitar enxertos ósseos e pele ao banco. A instituição onde o procedimento cirúrgico será realizado e o profissional transplantador devem ser cadastrados junto ao SNT. Para a solicitação de enxerto ao banco de multitecidos, o profissional médico ou dentista deverá preencher os formulários específicos que estão disponíveis na página do INTO - Banco de Tecidos. Após o preenchimento, a documentação deverá ser encaminhada por email para a equipe administrativa do setor que realizará a conferência e dará prosseguimento à solicitação. Os tecidos disponibilizados pelo Banco de Tecidos do INTO são totalmente gratuitos, sendo financiados pelo Ministério da Saúde. Em relação ao tecido ocular, o banco notifica os tecidos que estão liberados à Central Estadual de Transplantes e esta fica responsável pelo gerenciamento da fila de espera.
Quem são os beneficiados com a doação de tecidos?
Tecido musculoesquelético: Pacientes que precisam realizar cirurgias odontológicas para correção de falhas ósseas relacionadas aos dentes (entre outras) e pacientes que necessitem de cirurgias ortopédicas, como: revisão de artroplastias (cirurgias de revisão de próteses de quadril e joelho), ressecção de tumores ósseos, correção de falhas de consolidação óssea, cirurgias da coluna vertebral, correção de deformidades congênitas em crianças e correção de lesões meniscais ou ligamentares, além de correção de defeitos nas cartilagens articulares.
Pele: A pele alógena é muito utilizada como curativo biológico temporário, principalmente em pacientes queimados, protegendo o local afetado e diminuindo a dor, além de possibilitar uma recuperação mais rápida, com menos índices de infecção.
Tecido ocular: As córneas disponibilizadas pelo banco de multitecidos, auxiliam no processo de recuperação da acuidade visual de pacientes transplantados, como por exemplo, nos casos de ceratocone e úlcera de córnea. As escleras também são utilizadas na recuperação de lesões oculares, principalmente aquelas traumáticas ou de plástica ocular.
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