Experiência com células-tronco visa aposentar próteses convencionais
Trabalho realizado no Into teve resultados apresentados no Congresso Mundial de Ortopedia, na China
Uma experiência inédita realizada no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (Into) que pode transformar o tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS) para o desgaste das articulações entre os ossos foi apresentado no Congresso Mundial de Ortopedia, na China, e agora entra na segunda fase. A pesquisa do cirurgião ortopedista Eduardo Branco, do Into, tem potencial para aposentar no futuro as próteses sintéticas tradicionais, utilizadas em milhares de pacientes com artrose.
Ele investiga um tipo específico de célula-tronco no líquido que reveste as articulações do corpo, como as do joelho, quadril e ombro. É o líquido sinovial. Seu objetivo é que, estimuladas com células-tronco, as articulações do corpo possam se regenerar sem a necessidade de colocação de próteses sintéticas, como ocorre hoje, convencionalmente. Segundo o Ministério da Saúde, a artrose atinge 15 milhões de pessoas no Brasil.
“Uma característica das células-tronco é que elas são capazes de formar novas células a partir de uma célula inicial. No caso das células do líquido sinovial, o que verificamos em laboratório é que o maior potencial delas é de formar cartilagens”, observa o pesquisador, que apresentou na China os resultados da primeira fase de estudos, a fase laboratorial. Na sequência, começa a investigar as vias que diferenciam as células-tronco em cartilagens.
Eduardo Branco ressalta que de cinco a 10 anos podem finalmente ocorrer as experiências em pessoas com artrose. “É um caminho um pouco mais longo até para garantir a segurança do paciente. Um cenário é trabalhar em laboratório, onde consigo manipular essas células em um ambiente totalmente controlado. Quando coloco em um organismo vivo, a resposta é muito mais complexa”, ressalta.
O pesquisador esclarece que o envelhecimento da população brasileira, assim como a mundial, é um dos fatores de risco para o maior desenvolvimento de artroses. Hoje, 20% da população brasileira já tem mais de 60 anos. “A gente está vivendo mais, está danificando mais esse tecido das articulações e está há mais tempo exposto ao que faz a nossa articulação degenerar. Isso nos preocupa em saúde pública, tanto na questão da qualidade de vida quando na questão do custo para o SUS”, acrescenta.
REVELAÇÃO DE TALENTOS - Eduardo Branco foi selecionado pela Sociedade Internacional de Ortopedia e Traumatologia, juntamente com outros quatro brasileiros até 40 anos de idade, para uma bolsa de estudos no Congresso Mundial de Ortopedia, ocorrido no último mês, e para a apresentação de sua experiência com células-tronco. A pesquisa é inteiramente desenvolvida no SUS.
O Into é um complexo que extrapola a atuação assistencial. Neste mês, a instituição formou seus primeiros mestres. O curso de Mestrado Profissional em Ciências Aplicadas ao Sistema Musculoesquelético do Into, aprovado pelo Ministério da Educação, capacita há dois anos profissionais das áreas biológicas e da saúde para o diagnóstico, tratamento e reabilitação de pacientes com doenças do sistema locomotor.
Alguns dos principais destaques do Into hoje são o Laboratório de Pesquisa Neuromuscular e o Laboratório de Fisiologia do Esforço, que impulsionam ainda mais o desenvolvimento de estudos em Fisiologia do Exercício e Medicina do Esporte.
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