Reabilitado pelo INTO, jovem tetra-amputado se forma em Direito e traz reflexão sobre discurso de superação.
Aos 23 anos, Vitor é o primeiro da família a concluir um curso de graduação.
A história do jovem Vitor Lopes, de 23 anos, não é muito diferente de outras trajetórias conhecidas. Após cinco anos na faculdade de Direito, ele está prestes a se formar. O estudante, reabilitado pelo Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO), após quatro amputações provocadas por uma meningite na infância, dá seu recado no Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, celebrado em 3 de dezembro: “A deficiência é só uma característica, não é o que me resume”, destaca.
Primeiro da família a ter acesso ao ensino superior, Vitor demonstrava desde pequeno o gosto pelos estudos. Ao descobrir, aos dez anos, que precisaria amputar braços e pernas, sua primeira preocupação foi com o retorno à escola. Já amputado, o jovem fez um pedido especial à equipe de Terapia Ocupacional do INTO: uma adaptação para que pudesse continuar lendo seus livros.
"O pedido do Vitor foi uma surpresa, pois os pacientes costumam buscar outros tipos de adaptações, como as que auxiliam na alimentação, por exemplo. Nós atendemos a demanda dele e confeccionamos uma adaptação para que ele fosse capaz de virar as páginas dos livros, ampliando sua autonomia na hora da leitura", destaca a terapeuta ocupacional Sandra Helena, que acompanha o jovem até hoje.
Além das diversas adaptações feitas pela Terapia Ocupacional, Vitor recebeu também uma prótese confeccionada em tecnologia 3D, que facilita a realização de atividades diárias, como o uso do celular e do computador. Mas o tratamento no Instituto foi muito além da protetização: desde sua chegada ao INTO, o jovem foi inserido no programa de reabilitação, sendo acompanhado por uma equipe multidisciplinar, composta por assistentes sociais, fisiatras, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e psicólogos.
“Muito da minha forma de pensar, hoje, tem influência direta das conversas e orientações que eu recebi dos profissionais do INTO. Eles me ajudaram a entender meu lugar no mundo, a compreender que antes de eu ser uma pessoa com deficiência, eu sou só o Vitor”, conta o universitário.
E é com este olhar que o estudante está escrevendo seu trabalho de conclusão de curso, que aborda as políticas públicas voltadas para pessoas com deficiência, que fazem referência ao acesso ao ensino superior. “As pessoas precisam entender que o problema não está na deficiência do indivíduo, mas na falta de acessibilidade dos lugares e dos serviços e, por isso, falar sobre inclusão é fundamental”, conclui Vitor.
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